segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Deus existe porquê... #1 Senão não teríamos moral! (Dilema de Eutífron)

Premissa 1# : Se Deus não existe, moral objetiva e deveres não existem;
Premissa 2# : Moral Objetiva e deveres existem;
Conclusão : Então, Deus existe.
O argumento da moralidade é com certeza convincente, se nunca ouvimos ou lemos os problemas nela. O primeiro problema é a segunda premissa da existência de moral objetiva, que assume que existe uma moral objetiva. Segundo o apologista William Lane Craig, valor de moral objetiva equivale afirmar que algo é bom independentemente se alguém acredita que esse algo o é, neste caso não importa o contexto de uma sociedade, o que é bom sempre será bom. Isso cria um problema: então porque hoje uma moral secular existe e esta é considerada a melhor opção?

O segundo problema é a primeira premissa que assume que somente com um Deus a moral objetiva e deveres existem, o que implica no problema do Dilema de Eutífron.

Quero começar pelo dilema neste post, proposto por Sócrates a Eutífron, um fervoroso crente da antiga religião grega. A pergunta é a seguinte: O que é bom, é bom porque os deuses dizem que é bom, ou o bom o é, e por isso os deuses dizem que é bom? Pense um pouco sobre isso, e sobre as consequências das respostas a essa pergunta.

O que é bom, é bom porque os deuses dizem que é bom

Se o bom é bom pois os deuses dizem, então isso significa que se os deuses desaparecerem o que é bom deixaria de ser bom. Se deus não existir, nós perderemos a noção do que é bom ou ruim? Creio que não, já que podemos provar que algo é bom fora dos métodos e ensinamentos da religião. Dizíamos que a bondade era inspirada por Deus, e pessoas que possuíam Deus em si podiam fazer coisas boas por isso, se alguém ainda vê assim está ignorando a realidade e está somente contando o que somente confirma sua crença, pois pessoas sem religião(ou que seguem religiões "falsas") são capazes de fazer o bem. Uma comum racionalização deste fato é o suposto livre arbítrio concedido, onde qualquer criatura de Deus pode fazer o bem pois é inspirada naturalmente por Deus, mesmo se este indivíduo o "rejeita" tornado-se um ateu. Novamente torna-se irrelevante a presença ou não de um Deus para se ter moral, pois não importa em que se crê, a moral já estaria inserida na criatura.

O que sobrevive é a criação da moral pelos deuses, mas os torna incapazes de influenciar se alguém será bom ou ruim após a criação desta. A fé para ser bom se torna inútil, já que a bondade existe mesmo se Deus tiver já existido, criado a moral, e morrido.

O bom o é, e por isso os deuses dizem que é bom

Por outro lado se o bom o é naturalmente, então Deus (ou deuses) não criaram o que é bom, e são submissos como nós mortais as mesmas regras e a mesma moral. A conclusão já implica a total falta de influência sobre a existência da bondade numa sociedade ou em um indivíduo, já que estes podem fazer escolhas por conta própria, sem a interferência divina.

Não importando a resposta, a conclusão que tiro é a mesma: a noção de bom ou ruim é independente da existência de uma divindade. A definição Teísta de Deus e sua influência no que é certo e errado, de acordo com o que observei acima, é inválida.

Continuarei expondo mais sobre o que é a moral secular, e como ela é superior a uma moral objetiva no próximo post.

Referências:
Morality 3: Of objetivity and oughtness - Qualia Soup http://youtu.be/sN-yLH4bXAI
Wikipedia - Dilema de Eutífron http://pt.wikipedia.org/wiki/Dilema_de_Eut%C3%ADfron
Willian Lane Craig http://pt.wikipedia.org/wiki/William_Lane_Craig

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