quinta-feira, 18 de julho de 2013

Interpolações Paulinas


Esta é uma tradução deste post de Richard Carrier, do blog dele, de 1º de Junho de 2011.

No Novo Testamento, pelo menos duas passagens foram interpoladas
nas cartas de Paulo: 1 Tessalonicenses 2:13-16 e 1 Coríntios 14:34-35. Hoje eu vou apresentar as evidências a essa conclusão que a maioria dos especialistas sabem sobre, mas a maioria dos leigos não conhece.

Para aqueles que não são íntimos das escrituras antigas (chamada crítica textual), uma interpolação é uma palavra ou passagem que foi adicionada ao texto depois que ele foi escrito e disseminado, adicionado claro por alguém além do autor, que deseja passar aquele texto "interpolado" como sendo o do autor (ou, frequentemente, essa inserção acontece por acidente--mas não é o caso aqui). Nós temos centenas e centenas de exemplos de interpolações nos manuscritos bíblicos (a maioria destas nós não escutamos sobre, porque elas são tão óbvias interpolações que elas não estão mais na sua Bíblia porque foram excluídas por estudiosos modernos, ou nunca entraram nela porque nossas Bíblias vieram de apenas uma das várias linhas de tradição textual, cada linha interpolando suas prórpias palavras e passagens como loucas). Por exemplos e discussões (E livros para consultar) veja meu slideshow (PDF) para o debate Carrier-Holding (e para os mais escandalosos exemplos, veja meu trabalho sobre Marcos 16:9-20).

Foi neste debate com J.P.Holding que eu citei como exemplos de claras interpolações de que não temos evidências manuscritas (porque elas ocorreram muito antes dos manuscritos existentes serem produzidos) essas duas passagens de Paulo. Holding, claro (como a maioria dos fundamentalistas, apesar dos seus protestos do contrário) não pode ter essas interpolações (pois isso requer admitir que o Novo Testamento é irremediavelmente corrupto, e qualquer passagem que você dá importância pode ser outra interpolação), então ele argumenta contra elas sendo assim, como faz um bocado de devotos estudiosos.

No debate eu escolhi não desperdiçar tempo pressionando o assunto para que eu pudesse fazer outros pontos, e com o propósito de responder a assuntos dentro do tempo, eu simplesmente mencionei que os estudiosos não concordam entre si aqui (e a maioria não concorda com Holding), o que provou um dos meus pontos chave de abertura de que o Novo Testamento é o produto de disputáveis, falíveis, opiniões humanas (e portanto não pode ser de qualquer maneira infalível, e dificilmente por qualquer padrão razoável, confiável o suficiente para se basear a própria vida). Eu segurei este argumento por todo o debate e as Perguntas & Respostas, então esperançosamente o vídeo vai ficar disponível em breve para que você possa ver como porquê esse não é um ponto trivial a fazer.

Mas eu tinha slides preparados refutando as alegações dele tratando de duas passagens que eu citei. Essa informação é valida de se ter (já que isso não é geralmente acessível a leigos, sendo enterrados em jornais esotéricos e comentários). Então eu vou prove-la agora para referência e edutenimento* (Educação + Entretenimento) ...

1ª Tessalonicenses 2:14-16


Aqui é onde Paulo refere-se ao fim da nação Judaica e seu culto nacional, apesar disso ter ocorrido pelo menos 1 década dele ter supostamente morrido. Nesta passagem foi feito Paulo dizer:

Nota do tradutor: Aqui Carrier parece estar usando a tradução da Bíblia do American Standard Version (ASV). Eu estou usando a versão João Ferreira de Almeida Corrigida e Revisada Fiel.
... na Judéia ... os Judeus também mataram o Senhor Jesus e os seus próprios profetas, e nos têm perseguido; e não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens. E nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim.

A maioria dos estudiosos concluiu que isso nunca foi escrito por Paulo. Os argumentos são vários, e se acumularam para um caso conclusivo:
  • Paulo nunca culpa os Judeus pela morte de Jesus em nenhum outro lugar.
  • Paulo nunca fala sobre a fúria de Deus ter vindo, mas como vinda apenas no futuro julgamento (veja Romanos 2:5, 3:5-6, 4:15).
  • Paulo ensina que os Judeus serão salvos, não destruídos (veja: Romanos 11:25-28).
  • Paulo estava morto quando "a ira de Deus caiu sobre eles até o fim" (a destruição da nação Judaica e do templo em 70 E.C.).
Uma boa discussão desta passagem e as "melhores" tentativas de "resgatar" a sua autenticidade aparece em Vridar. Ele todavia se alinha contra a autenticidade, com boas rasões, mas ele mostra como alguns estudiosos tentam insistir que é isso o que Paulo escreveu. (Embora a maioria dos estudiosos concordam que não é: Birger Pearson, "1 Thessalonians 2:13-16: A Deutero-Pauline Interpolation," Harvard Theological Review 64 [1971]: 79-94; G. E. Okeke, "1 Thessalonians 2.13-16: The Fate of the Unbelieving Jews," New Testament Studies 27 [1981]: 127-36.).

Então foi 1ª Tessalonicenses 2:14-16 interpolada? Agora, eu estou aberto a possibilidade de especialistas estarem errados--porque eles frequentemente estão. Que eles todos descordam sobre milhares de coisas pertencentes ao texto do Novo Testamento implica que todo especialista está errado acerca de tudo (Isso é uma impossibilidade lógica), e que estatisticamente ninguém deles pode estar certo sobre tudo de qualquer forma (nem temos de maneira alguma um modo de determinar qual estudioso é a semente infalível neste saco heterogêneo, mesmo se houvesse tal criatura impossível). O que significa que se especialistas não podem concordar e tudo está errado sobre muitas coisas (que devem estar), então não podemos confiar no texto reconstruído deles também (já que é o produto da mesma opinião falha e encontra-se com os mesmos desacordos), exceto com variáveis tons de probabilidade, nenhum deles suficiente para superar qualquer probabilidade natural (então você não pode usar alguma passagem do Novo testamento para provar que um milagre ocorreu, porque a corrupção textual é sempre mais provável).

Mas no caso de 1ª Tessalonicenses 2:14-16, tentativas de defender sua autenticidade simplesmente fazem nenhum sentido. Elas requerem que acreditemos em coisas improváveis. O que é exatamente o que uma mente desiludida acha convincente, mas não uma mente objetivamente crítica. 1ª Tessalonicenses 2:14-16 é muito incomum em várias formas. Nenhuma de qualquer das 20.000 palavras de Paulo, e dezenas de discussões dos Judeus, se parecem em nada com ela. Isso imediatamente a coloca em dúvida. Paulo culpando os Judeus pela morte de Jesus é simplesmente imprecedente. Paulo também nunca fala sobre os Judeus como se ele não fosse um deles (Veja gálatas 2:15; 1 Corintions 9:20; Romanos 9:1-5, 11:1; Filipenses 3:4-5). E paulo reconhecia os Judeus como membros da sua própria igreja, então ele não os condenaria como um grupo desta forma, e ele nunca o faz (veja: 1 Conríntios 1:24, 12:13; 2 Corintios 11:12; Romanos 9:24, 10:12; em como essa interpolação é inegavelmente--e descaracterístico de Paulo-- Antisemita, veja a análise denovo em Vridar).

Ao envés disso, Paulo diz coisas como... "Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim." (Romanos 11:1). "São hebreus? também eu. São israelitas? também eu. São descendência de Abraão? também eu" (2 Coríntios 11:22). Que Paulo na verdade ensinou que os Judeus seriam salvos, e não condenados, está claro em suas cartas, por exemplo em Romanos 11:25-28:
Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados. Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais.
Que paulo acreditava que a ira de Deus viria somente num futuro Julgamento é da mesma forma uma constante tecla tocada por ele (veja: Romanos 2:5; 3:5-6, 4:15; e até 1 Tessalonicenses 1:10).

Então vejamos a passagem questionável de novo em contexto:
Porque vós, irmãos, haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judeia estão em Jesus Cristo; porquanto também padecestes de vossos próprios concidadãos o mesmo que os judeus lhes fizeram a eles, Os quais também mataram o Senhor Jesus e os seus próprios profetas, e nos têm perseguido; e não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens, E nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim. 1 Tessalonicenses 2:14-16
Paulo está escrevendo para convertidos pagãos (veja o verso 1:9) sendo perseguidos por pagãos, não por Judeus (isso é o que ele quer dizer nas partes autênticas do verso 2:14, destacados acima), então porque ele do nada quebra numa tirada contra "os Judeus" aqui? Isso não faz nenhum sentido no contexto e viola toda a teia de argumentos, de que os tessalonicenses são demais por terem suportado uma perseguição pagã.

A passagem também diz que a ira de Deus veio sobre os Judeus "até o fim" (literalmente "finalização"). tentativas de reinterpretar isso como não sendo "com finalidade" é simplesmente tentar fazer uma palavra significar exatamente o contrário do que ela significa. Mais importante, o comentário sem dúvidas se refere a algo que afetou os Judeus na Judeia ("Porque vós, irmãos, haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judeia estão em Jesus Cristo; porquanto também padecestes de vossos próprios concidadãos o mesmo que os judeus lhes fizeram a eles [mataram Jesus e os profetas na Judeia, e expulsaram-nos da Judeia, etc...]..."), então a tentativa de alegar de que isso se refere a uma anterior expulsão de Judeus de Roma é completamente inválida. Aquele foi puramente um temporário e isolado evento (e assim de nenhum apelo a imaginação "final"), e dificilmente alguma coisa que possa ser chamada ira de Deus (a não ser que você ache Deus bem fraco--como se o pior que ele poderia fazer para demostrar a sua "ira" é forçar alguns Judeus vivendo na Roma pagã a voltar a Terra Santa), e de qualquer forma só afetou os Judeus em Roma, não os Judeus na Judeia (então como a ira de Deus caiu sobre os Judeus na Judeia punindo os Judeus em Roma?).

Então "reinterpretar" a passagem para significar algum outro evento (ou até algo "escondido" como algum tipo de abandono espiritual) simplesmente não faz nenhum sentido do óbvio significado da passagem. A única coisa um "julgamento final" aos "Judeus" na "Judeia" pode significar é o fim da Judeia em si (como uma província) e o fim do culto Judaico (com a destruição do Templo), universalmente reconhecido pelos Cristãos como o abandono final dos Judeus. Nenhum outro evento faz sentido. E Paulo estava morto quando isso ocorreu. O que é óbvio para qualquer pessoa de senso.

1ª Coríntios 14:34-35


A maioria dos especialistas de novo acreditam que esta seja uma interpolação. Essa passagem possui o comando de Paulo:
As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.
Nós sabemos que isso não foi escrito por Paulo porque contradiz o que Paulo diz na mesma carta, onde ele na verdade dá regras para quando mulheres falarem na igreja (em 1 Coríntios 11). Então podemos ter certeza que outra pessoa escreveu esta passagem, provavelmente influenciada pela falsificação de 1 Timóteo 2 (Onde encontramos a misoginia repetida, notavelmente nas autenticas cartas de paulo, tal misoginia não aparece--essa é uma característica do Cristianismo mais tarde).

Todos competem que a passagem contradiz o ensino de Paulo na mesma carta. Então a única refutação que fundamentalistas possuem é de que Paulo deve estar citando seus oponentes aqui, e argumentando contra, e não emitindo um comando ele mesmo. Eles fazem isso com uma jogada de defesa especial. Aqui está toda a passagem em contexto, aqui usando a tradução ASV (American Standard Version.), mas analisando o parágrafo de acordo com os argumentos apresentados pela autenticidade desses versos (1 Coríntios 14:29-40):

E falem dois ou três profetas, e os outros julguem. Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos. As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja. O que!?* Porventura saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor. Mas, se alguém ignora isto, que ignore. Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar, e não proibais falar línguas. Mas faça-se tudo decentemente e com ordem.
Nota do tradutor: O texto acima é da ACF. Esse "O que?" sublinhado acima, está somente na ASV. Não a encontrei nem na ACF, AA, NVI, e Versão Católica. Talvez porque a ambiguidade da frase seguinte faça desnecessária a inserção do "O que!?" para reforçar uma interpretação, mas essa última observação é completamente especulação minha.

O argumento é que o material em negrito é uma citação de seus oponentes e Paulo está denunciando a afirmação. Mas isso é ilógico em várias formas, nem ao menos pelo fato de que ele não denuncia a afirmação. Se ele tivesse, ele diria especificamente que a afirmação está errada ou comandaria que as mulheres falassem na sua vez. Nenhuma observação assim é presente (obviamente, porque o interpolador intencionava que pensássemos que esse era o comando de Paulo).

Parece bem débil a defesa de que a exclamação "O que!?" sozinha constitui uma denúncia da afirmação, que ela não é (Qualquer autor do período teria seguido a exclamação com uma sentença declarativa se fosse o caso). Mais ainda, essa exclamação não está no Grego. É uma conjectura de tradução moderna. Então nenhum argumento pode sustentar a sua presença aqui. A palavra que de fato está ali é simplesmente "ou" (e é exatamente traduzida assim em toda parte na coleção de escritos de Paulo). Nem é indicado um discurso indireto aqui, como o argumento exige que ele seja: não há nenhuma estrutura gramatica indicando que Paulo está citando seus oponentes, diferente de outra passagem onde ele o faz (1 Coríntios 7:1, "quanto às coisas que me escrevestes..."; 15:12. "como dizem alguns dentre vós..."; 15:35, "Mas alguém dirá..."; note que em 6:12 ele não está citando seu oponente mas a ele mesmo: confira 10:23 em luz de 8:1-9:1 e 9:20-22).

Portanto o argumento da "ordem das citações" não possui base no próprio texto e de fato vai contra toda a gramática e prática retórica do período geralmente e Paulo especificamente. Ao contrário, nós podemos ficar confiantes que a leitura original de 1 Coríntios 14:31-37 era:
Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos. [--] Porventura saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós?Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor.
Em outras palavras, Paulo está somente concluindo o argumento do capítulo inteiro, de que eles não podem contradizer o que ele havia acabado de dizer "como se a palavra de Deus veio somente para vós" porque o que ele está dizendo é o definitivo e universal mandamento de Deus. A digressão sobre mulheres nem cabe aqui.

E de fato nós sabemos que é assim que se lê a passagem originalmente, porque em alguns manuscritos isso é exatamente o que Paulo diz: a inserção sobre as mulheres é movida para o fim do capítulo. O que significa (a) é entendido que é uma unidade separada (em significado, gramaticamente e retoricamente) e (b) a pergunta de "desafio" (o que algumas traduções bíblicas rendem como início com a exclamação "O que!?") era compreendido por muitos escribas e leitores como dirigidos aos que promovem "confusão" ao envés de "paz", e não uma emissão sobre deixar as mulheres falarem. (Então Paulo responde a pergunta desafiadora declarando que a a sua autoridade veio de Deus e é encontrada em todas as igrejas, então Coríntios não pode agir como se eles tivessem recebido instrução especial de Deus em nenhum desses assuntos.)

Em outras palavras, a versão que eu acabei de propor, é o que Paulo originalmente disse e o que significava, é exatamente a versão que encontramos em alguns manuscritos da Bíblia. O gancho final é que sabemos que haviam manuscritos que não continham a interpolação, o que confirma que eles foram interpolados. A evidência está presente no artigo de Philip Payne "Fuldensis, Sigla for Variants in Vaticanus, and 1 Cor 14:34-5" em New Testament Studies 41 (1995): pp. 240-50. Eu tinha acabado de aprender sobre isso o dia antes do meu debate com Holding (quando terminei toda minha busca literária em preparação), o que ilustra (a) como é dificil afirmar que você conhece o que o verso original disse quando não é possível que você tenha estudado toda literatura para único cada verso! e (b) interpolações foram uma vez provadas por manuscritos que nós não temos mais (um ponto crucial que não devemos nunca esquecer), e (c) há evidências até agora em manuscritos que estudiosos ainda vão descobrir (a evidência manuscrita que Payne reportou em 1995 estava disponível aos estudiosos por uma centena de anos, alguma dela por até um milênio; quão mais está lá esperando sem ser notada?).

Payne mostrou que marcas escribas em alguns dos nossos mais antigos manuscritos desta carta indica que era sabida que a passagem não aparecia em alguns manuscritos disponíveis ao copiador, e nós temos a representação explícita desse conhecimento num manuscrito mais tarde preparado e supervisionado pelo Bispo Vítor de Capua em 546 DC, que ordenou a reescrição dos versos para omitir os versos 34-35, na margem inferior do Codex Fuldensis. Outras ordens rotineiras de correções do Bispo Vítor no Codex Fuldensis refletem a sua consciência dos manuscritos com as leituras que ele aconselhou. Portanto Vítor sabia de um manuscrito faltando os versos 34-35. Por isso já houve manuscritos provando os versos 34-35 como interpolações, incluindo alguns que certamente foram compostos no 3º século, antes de quase todos os manuscritos que sequer nós temos agora.

Conclusão


Não há dúvidas que essa passagens são interpolações (1 Coríntios 14:34:35 e 1 Tessalonicenses 2:14-16). Isso prova que Cristãos não tinham problemas em adulterar os escritos de Paulo para que ele diga coisa que ele não disse. E se eles fizeram isso nesses casos, quantas outras passagens em Paulo não são autênticas? Lembrem-se, nós pegamos esses casos por sorte (Os interpoladores foram desleixados, eles escolheram coisas que contradizem Paulo, e por acaso nós temos outras evidências denunciantes nos manuscritos). A maioria das interpolações não vão deixar tais evidências (a maioria não vai flagrantemente contradizer paulo, e a maioria daquelas, como essa, que foram inseridas antes de 200 DC. não vão só por acaso deixar evidências nos manuscritos). É por isso necessária a circunstância de que há pelo menos 3 ou mais interpolações nas cartas de Paulo que nós não sabemos (estatisticamente, se a maior parte não é evidente, mas duas são evidentes, então deve haver pelo menos 3 não evidentes). Você apostaria a sua vida em qual passagem não é uma dessas?

2 comentários:

  1. Artigo muito bom. Confirmando o mencionado pelo autor sobre 1 Cor. 14:34-35, a Biblia de Jerusalém agrega que "se trata de apelo á obediência á Lei, que não coaduna com Paulo; contradiz 1 Cor. 11:5", tal como mencionado acima, e "reflete a misoginia de 1 Tim. 2:11-14 e ""provavelmente tem sua origem na mesma igreja"".

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  2. Artigo muito bom. Confirmando o mencionado pelo autor sobre 1 Cor. 14:34-35, a Biblia de Jerusalém agrega que "se trata de apelo á obediência á Lei, que não coaduna com Paulo; contradiz 1 Cor. 11:5", tal como mencionado acima, e "reflete a misoginia de 1 Tim. 2:11-14 e ""provavelmente tem sua origem na mesma igreja"".

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